terça-feira, 13 de abril de 2010

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Ele só estava de saco cheio, de tudo. Cansado.
Cansado da ignorância das pessoas (inclusive a sua).
Cansado da arrogância (inclusive a dele próprio).
Cansado da raiva que ele guardava (inclusive contra ele mesmo).
Cansado da dor.
Cansado da luta de cada dia.
Cansado de gritar, e ninguém ouvir.
Cansado do noticiário da tv.
Cansado da tv.
Cansado de vê.
Cansado de ser, Ele mesmo.

Ele só estava de saco cheio.
E nesse sábado a noite (mais um sábado, mais uma noite),
Ele sem saber o que fazer, sem saber pra onde ir,
Sem ter pra onde ir, ou aonde chegar.
Procurando respostas, sem acha-las (como sempre).
Tomou uma decisão..


Ele só estava de saco cheio, de tudo.
Ele só estava cansado, de tudo.
Ele só estava confuso.
Levantou-se. Deitou-se. Tentou dormir.

Parou na frente do pc.
Leu besteiras.. Viu pornografia. Não adiantou.
Ele continuou cansado.
Sozinho. No escuro.

A vida assim, Não é tão fácil como na novela.

Uma música.

Lembranças. Um pouco mais de dor. Nostalgia.
Ele se olha no espelho. 26 e não é nada. Fracassado.
Sem dinheiro, sem carro. Sem nada.

Tanta luta, labuta.
Pra quê?Pra continuar sendo um zé ninguém?
E a dor? Ela continua aqui. Bem viva.

E o rancor? O remorso? Idem.

Ele relembra o passado (deve ter sido a música nostálgica).
Dos tempos em que era moleque na escola.
Ele ri.
Relembra da cidadizinha do interior.
E de como era feliz por lá.
Sem grandes pretensões.

Sem grandes ambições.
Ele só queria brincar.
Mas ele cresceu.

Veio pra cidade grande.
Sonhou com o luxo, a ostentação.
Apenas ri, não era mais suficiente.
Ou melhor, ele não ria mais, com o que antes era suficiente.

Ele relembra das aulas no colégio.
Vários colegas do passado. Ri também disso.
As aulas chatas. Matemática, português, literatura.

Se bem que havia um tal de romastismo que ele gostava.
Ele se lembrra de uma paassagem, um livro qualquer.
Havia uma faca, um homem desgostoso da vida.

Era ele nesse momento.
Perto dele, de fato, havia uma faca. Ele estava desgostoso.

Não. Estava de saco cheio,cansado.A faca.
Ele a viu.

A pegou.
A música nostálgica continuava.
A faca. O punho. O pulso. O romantismo.
Pra quê acorda amanhã? A labuta, a luta, a dor de cada dia.
Cansado...


Então a decisão tomada. É o fim da dor.
Ele apenas se cansou de acordar todo dia.
Deitou-se.

E foi dormir com o líquido escorrendo pelo braço.
Sem muita dor.
Sem agonia.
Sem pressa.
Apenas ouvindo a música nostálgica.

Ele só estava de saco cheio e cansado.
Hoje pela manhã, não estava mais.

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