terça-feira, 1 de junho de 2010

Clube da Luta

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"Você abre a porta e entra
Está dentro do seu coração
Imagine que sua dor é uma bola de neve que vai curar você
Esta é sua vida
É a última gota pra você
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é sua vida
Que acaba um minuto por vez

Isto não é um seminário
Nem um retiro de fim de semana
De onde você está não pode imaginar como será o fundo
Somente após uma desgraça conseguirá despertar
Somente depois de perder tudo, poderá fazer o que quiser

Nada é estático
Tudo é movimento
E tudo esta desmoronando
Esta é sua vida
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é sua vida
E ela acaba um minuto por vez

Você não é um ser bonito e admirável
Você é igual à decadência refletida em tudo
Todos fazendo parte da mesma podridão
Somos o único lixo que canta e dança no mundo

Você não é sua conta bancária
Nem as roupas que usa
Você não é o conteúdo de sua carteira
Você não é seu câncer de intestino
Você não é o carro que dirige
Você não é suas malditas calças
Você precisa desistir
Você precisa saber que vai morrer um dia

Antes disso você é um inútil

Será que serei completo?
Será que nunca ficarei contente?
Será que não vou me libertar de suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?

Digo: você precisa desistir
Digo: evolua mesmo se você desmoronar por dentro

Esta é sua vida
Melhor do isso não pode ficar
Esta é sua vida
e ela acaba um minuto por vez
Você precisa desistir
Estou avisando que terá sua chance"

(Tyler Durden; Clube da Luta)

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sexta-feira, 28 de maio de 2010

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Ele não cortará os pulsos. Não aparecerá depois de um tempo, com marcas no punho. Cicatrizes. Lhe falta coragem. Lhe falta coragem e muito mais.

Cabe a ele, abaixar a cabeça. E seguir, tentando, aqui e acolá, se resignar, com a sua própria má sorte. E, até, fazendo piada, das piadas que fazem dele.

De fato, ele não assustará seu amigos, cortando os pulsos. Não, esse papo de cortar os pulsos, é apenas mais uma piada.

- Ele nunca passou de um covarde.

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

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Pensei acerca de como contar essa história, verídica, para meus acidentais leitores. O tradicional “era uma vez” não satisfaz. Então, serei direto. Trata-se de uma formiga, pobre coitada, trabalhava noite e dia, como não podia deixar de ser. Enclausurada no formigueiro, lá embaixo. Tudo era escuridão, e a formiguinha era um tristeza de dá dor. Sonhava em ganhar o mundo, sair daquele buraco e conhecer a superfície. Desbravar tudo que pudesse.

De repente, depois de uma noite de trabalho duro (mais uma), ela começou a sentir um desconforto nas costas (ou pelo menos o que equivalente as costas humanas). Ela suspeitou que fosse apenas mais uma dor normal. Não era. Eram asas. E as asas cresceram. E ela pode voar. E voou. Saiu do formigueiro. Começou a conhecer o mundo, timidamente.

E, em um dos seus passeios, ela se deparou com um lindo vaga-lume. Como a pobre formiguinha não estava acostumada com a Luz, ficou deslumbrada. Foi o ser mais lindo que ela já viu. Se aproximou, conversou com ele, se apaixonou. Perdidamente. Tudo tinha mais cor quando estava perto do vaga-lume. Tudo tinha mais brilho. Tudo era mais vibrante, mais vivo.

Enfim o mundo fez sentido pra nossa formiguinha. Ela acompanhava o belo vaga-lume para todos os lugares. E ela era feliz assim. Mas o vaga-lume, tal qual emanava luz, tinha também seus momentos de escuridão. E, sem aviso prévio, ele se apagou. Mergulhou rapidamente em um buraco, frio, inóspito, e como nossa amiguinha não titubeava em acompanhá-lo, mergulhou também.

Acontece que, o vaga-lume , como já havia entrado e saído várias vezes desse buraco, já não se perdia mais pelos seus caminhos, que mais pareciam um labirinto. Já a nossa desafortunada formiguinha, não. Ela o acompanhou, e se perdeu, em meio a tanta escuridão. Se deparou com um mundo mais escuro, mais triste, mais doloroso que o seu formigueiro. E não havia caminho que a levasse para fora.

A pobre formiguinha vagou, vagou e vagou. Mas não conseguiu sair. Primeiro ela tentava encontrar seu amado. Depois de muito tempo e muitos fracassos, ela tentou apenas encontrar a Luz. Ao invés da Luz, ela encontrou ela mesma, tudo refletia um lado dela, que não conhecia. Seus defeitos, seus vícios, seu lado mesquinho, egoísta, maligno. Não fazia idéia que era assim. Que possuía tais características. E, reconhecendo seus defeitos encontrou um caminho novo.

Enfim, após muito pelejar e sofrer sozinha, nossa querida formiguinha achou a saída. Mas o vaga-lume não estava mais lá. Ou melhor, estava, mas estava com uma deslumbrante vaga-lume como um belo casal apaixonado.

Nossa formiguinha, que quis sair do formigueiro, conhecer o mundo, encontrar sua felicidade... Fez tudo isso, mais além do que esperava, encontrou a desilusão, a frustração. E acabou aprendendo com a dor, que o segredo é a temperança, a cautela, ou seja, ir com calma, devagar. Bem devagar.

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quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Rapaz e o Rio.

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Havia um rapaz. Um bom rapaz. Mas que andava meio perturbado consigo mesmo. Constantes conflitos. Dúvidas. O que assolava esse rapaz? O fato de ter se deparado com uma dura realidade, a qual ele se recusava a aceitar. Contudo, como disse, era real. Ele via, ouvia, todos os dias. De todas as partes. Mas se recusava a aceitar.

Ele recusava veementemente que as pessoas fossem ignorantes. Ele pensava que na primeira oportunidade de transcender a ignorância, todos agarrariam tal oportunidade. Porém, ele começou a confirmar justamente o contrário. Diante da oportunidade de superar a ignorância, as pessoas preferiam justamente o contrário, se agarravam a ela, se apegavam a ela, como se ela fosse um ente querido. Parte mesmo de sua família, ou personalidade.

E, ele se espantou de tal forma, se chocou tanto, que negou a realidade. “Essa idéia é inconcebível!” dizia o pobre rapaz. Estava decidido a manter seu ponto de vista. Sua filosofia. “As pessoas só são ignorantes, com relação a determinado assunto, até o dia em que encontram uma oportunidade para superar essa limitação.” E assim seguiu. Feito alguém, que se atira num Rio acima, contra uma forte correnteza, que traz com ela grandes pedras e troncos de árvores. E estes, por sua vez, vão castigando, machucando, dilacerando, cortando, afundando, a cada encontro o corpo desse corajoso que enfrenta o Rio. Todavia, ele cedeu.

Bem como nosso estimado rapaz. Ele também cedeu. Quando as pedras e os troncos são esporádicos, é possível resistir. Mas, quando elas castigam incessantemente o corpo, a desistência é só uma questão de tempo. Nosso rapaz se viu, incessantemente cercado por repetidas demonstrações de ignorância. E passou a considerar fatores que antes não considerava. As pessoas ora tem preguiça, ora são orgulhosas demais para admitir que estavam erradas, ora não querem admitir, por questão de crença. Por vezes, o conhecimento que possuímos, concluiu o rapaz, passa a integrar quem somos, e assim sendo, torna-se oneroso demais abrir mão disso. É como assumir que aquilo que achávamos que éramos, era um erro. Não, não há problemas em admitir isso. Mas nem todos conseguem.

E o rapaz agora, mudou suas perspectivas. Ele não pensa mais em enfrentar a correnteza. Tão pouco em segui-la cegamente, apenas por temer as pedras e troncos. Ele entendeu, o que é óbvio, as vezes precisamos retroceder alguns passos, para conseguimos grandes avanços. Ele recuará quando se tornar insuportável a dor, contudo, apenas para continuar avançando.

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O cravinho

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E quem foi que disse que os outros seres não pensam, e sentem como nós? Óbvio que pensam. Óbvio que sentem.

Essa é uma estória de um pequeno Cravo. Um cravinho assim, sem graça, ‘sem sal’, como dizem por aí. Nascido no meio do nada, ao ermo. Sem família, pois quis a Mãe natureza, que ele surgisse ali, sem outras plantas ao redor. Sem abelhas e beija-flores como companhia. Sem nada.

Era só esse pequeno Cravo, num vasto deserto, e o tempo. Vez por outra chovia. Bem pouco, mas chovia. E o vento, ora, como posso esquecer do vento, que aparecia regularmente, para trocar dois dedos de prosa com o nosso cravinho tristonho. Mas era um filhote de vento. Inexperiente, fraquinho, sem histórias pra contar.

A única coisa que o desafortunado cravinho contemplava, era o sol durante o dia, e o céu durante a noite. E ele admirava a intensidade do sol, bem como a vastidão do céu. Sonhava ser o Sol. Forte, imponente. Ora sonhava ser o Céu, e abarcar o mundo com um abraço.

Contudo, continuava ali. Preso ao solo árido. Sendo um insignificante cravinho. Que nunca era notado por ninguém e que não possuía nem mesmo uma graminha amiga, pra compartilhar suas dores e frustrações.

E o tempo foi passando pro cravinho. Sua vida caminhou pelas estações. Ela agüentou bem, até que chegou o inverno. Nada de tão frio. Nada que incomodasse tanto. Porém apesar de tudo continuar sendo a mesma monotonia, o cravinho passou a senti-la mais. O clima do inverno parecia tornar tudo mais oneroso, sofrido. E ele sofria.

Ele só queria ir embora daquele lugar. Era impossível. Ele constatou isso. Restava a resignação. Ele fracassou nisso. Não tolerava a idéia de permanecer ali, ou seja, não tolerava seu destino, sua (má)sorte.

Queria ser o Sol, queria ser o Céu.

E numa manhã, o cravinho não mais viu o seu ídolo brilhar onipotente sobre ele. O cravinho definhou, não suportou mais. E enfim, se foi o pobrezinho, e enfim suas pétalas puderam realizar o sonho de seu dono, pegar carona no amigo vento, e flutuar pra qualquer lugar, que não aquele.

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é normal?

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Aquele homem não tinha olho.
O direito, pra ser mais preciso.
Desconfortante.
O buraco vazio, que em algum momento do passado, possuía um olho.
Sem prótese.
Apenas um buraco vazio.
Vazio não.
Com pele flácida, e algo que associei aoque restou do nervo óptico.

Tentava não olhar para aquele não-olho.
Não conseguia.
Temia ser notado...
Suspeito que fui.
Indiscrição.
Um misto de agonia e curiosidade.
Não gostava nem um pouco do que via.
Ainda assim buscava vê.

Comecei a especular qual a causa de tal deformidade.
Acidente, provavelmente.
Porém, não notei nenhuma cicatriz em volta do olho.
De nascença?
Achei pouco provável.
Doença. Certeza.

E quão doente é o mundo hoje.
Quão doente somos nós.
Sofremos hoje, da pior doença que já se viu,em toda a história da humanidade.
Somos 'normopatas'. Não conseguimos sentir pena de um mendigo,afinal,
'é normal'.
Nem de pessoas sofrendo,
'é normal'.
Incapazes de nos sensibilizarmos.
Salvo exceções irrelevantes.
Vivemos sob a síndrome do 'isso é normal'.
Como se se repetíssimos esse mantra, fosse melhorar, ou ao menos mudar algo.

E tal qual olhei pra'quele buraco vazia,
Que um dia foi olho.
E não senti pena, nem compaixão, apaneas curiosidade.
É a maioria da humanidade, apenas curiosa com as causas.

Mas tudo continua na base do: 'é normal'.
O velho faminto que dorme sob a chuva.
A mãe desempregada, solteira, que chora a morte do seu filhinho, por inaninção.
'é normal'.

O pai que perde o filho no trânsito.
O filho que perde o pai pra violência.
'é normal', também.
E assim caminhamos.
Uma sociedade de absurdos, onde o maior de todos,
É achar que tudo 'é normal'.

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Sadô-Masô

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Se a vida
Lhe propõe
Certas agonias
Melhor se prevenir
E não ser
Sadomasoquista

Todos procuram
Alguém pra brincar
Todos procuram
Mas não vão encontrar

Tout le monde cherche
Quelqu´un pour jouer avec
Tout le monde cherche
Et ne le va pas rencontrer

Sadô-masô
É isso que eu sou
Sadô-masô
É minha vocação
São seis horas da manhã
E não consigo dormir
Tentando reordenar
As tarefas que eu nunca
Precisarei desempenhar
No exercício monótono
MonotemáticoMonoteísta
Da minha vida
Eu sou mesmo um sadomasoquista

(Móveis Coloniais de Acaju)

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Casa

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Casa.

Eu sinto saudade da minha.
Sentia.
Senti.
Muito.

Mas hoje, não posso mais dizer que sinto.
Não que não sinta.
Mas sim porque, o que chamava antes de casa, não é mais “minha casa”.
É apenas o lugar onde repousa minhas lembranças, de um tempo que não voltará.
É também onde encontrarei minha família, e a companhia de meus amigos. Mas não é a “minha casa”.
Não mais.

Minha casa hoje? Não tenho essa resposta.

Dizem que o lar do passarinho é o ar, e não o ninho.
Estou voando.

Mas não sei se esse é o meu lar.
Não me sinto em “casa”.

Devo não ser um passarinho.

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Amor e amor

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Há Amores e Amores. Amantes e Amantes.
Os Amores, amores mesmo, com A maiúsculo, são os melhores, sem dúvida.
Bem como os Amantes, desses que sabem amar, até a última conseqüência, digo, os que não medem conseqüências para amar.

Mas o Amor, quando se torna racional, se desnatura. O Amante, quando passa a pensar demais sobre o amor, perece, padece por pensar.
O Amor não foi criado pra ser pensado e repensado pelos.
Medido e conometrado pelos amantes.
Apenas sentido, sugado, bebido, até a última gota.

O Amor surge, e quando está maduro, ele reclama a atenção devida, se torna persistente, insolente, intenso como o fogo.
Por favor, não confundam o Amor, com uma mera paixão.
O Amor é sim intenso e irracional. Tal qual muitos acreditam serem características da paixão.
A paixão é intensa e fugaz. O Amor não, é intenso, mas duradouro.
Arde, queima, dói, faz de tudo para ser percebido, sempre. Sim, ele é egoísta.

Você não pode simplesmente deixar de pensar na pessoa amada.
O Amor não permite tal desacato.
Os melhores amores são esses. Os das loucuras.
Das provas de amor desmedidas, ou sem medida.
Os que dão essas provas, não como forma de auto-arfimação,
Mas sim, por impulso, por necessidade de mostrar ao amante, o quanto ele é amado.

Contudo, esse Amor possui um ponto fraco.

É, quando o louco amante, percebe que de fato não é amado da mesma forma.
Quando a dita recíproca não verdadeira, é percebida.
Seu Amor começa a murchar.
E assim ele vai-se.
Rapidamente, quase tão intensamente como quando começou a arder.
Ele se vai.

Deixa de existir, tal como uma bela flor, que ao ser privada da luz do Sol, dos nutrientes da água e do solo, vai morrendo...

Assim é o Amor, que não é alimentado com as loucuras dos Amantes, morre.

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Tarde Normal

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Era só mais um final de tarde abafado.
Ao menos era o que parecia. Por aqui, o ano inteiro é calor.
Às vezes isso não é tão agradável.
Ao menos não em um ônibus lotado, você atrsado,
E preso num engarrafamento que não acaba mais.
Mais enfim, parecia ser apenas mais uma tarde dessas.

E eu ali, naquele ônibus. Quantas pessoas abarrotadas ali dentro?
Sei que havia cerca de 40 sentadas, mais umas 25, talvez 35 em pé?
Sei lá. Seguramente mais de 60 pessoas.
Todas indo pra algum lugar. Vindo de algum lugar.
Deixando alguém pra trás. Um amigo, conhecido talvez.
Apenas um colega de trabalho, quem sabe até um encontro casual,
Na estação, com um amigão de infância, ou ex-namorada, a primeira namorada.

Havia uma senhora que me chamou a atenção.
Ela lembrava minha mãe. Um rosto de quem está de bem com a vida.
Um ar fresco. Que me inspirava positividade.
Reparei que era casada, devido a alliança.
Ela estava sentada do outro lado, lendo algo, que não consegui indentificar, na hora.
Sei lá porque, associei a algum livro barato de auto-ajuda.

Tinha um cara em pé, na minha frente.
Com uma mochila. Lendo algo.
Pela idade (por volta dos 25), devia está estudando algo da faculdade.
Um cara comum, jeito de quem trabalhou o dia todo.
Expressão cansada, suado.

Havia uma moça também, logo reparei nela, na verdade acho que todos repararam nela.
Era bonita, cabelos longos, lisos, morena, olhos bem escuros. Estava bem vestida também.
Não me recordo dos detalhes. Mas todos repararam nela, não por alguma qualidade,
Mas sim porque aparentemente ela brigava com o namorado, ao celular.
Falava alto. E a conversa demorou um bom tempo.
Ela estava logo a minha frente.

Claro, havia muito mais pessoas por perto. Mas esses, com certeza tinham alguém,
Que os esperava no final do dia, ou no outro dia, ou algum dia.

A senhora que lembrava minha mãe, devia ser mãe de alguém.
E se fosse tão boa mãe, como a minha, o filho a amava demais.
E além do mais, era casada. No mínimo um marido a sua espera.

O rapaz estudando, devia ter ao menos amigos na faculdade.
Naturalmente um cara da idade dele possuia amigos.
Os pais, talvez.

A moça, certamente um namorado, os pais também.

Tudo aconteceu tão rápido.

Algo exlodiu do meu lado esquerdo.
Não deu pra saber o que foi.
Lembro de muita luz, intensa. Um barulho crescente, um zunido, e silêncio.
Tudo isso numa fração de segundos.
Foi rápido.

Vi a luz envolvendo todos. Inclusive a mim.
E com tanta luz, não dava mais pra vê.
Tudo era luz. Luz e zunido. E depois, silêncio.
Não lembro de ter havido dor.
Lembro de vagos gritos. Não sei se eu gritei.
Ficou tudo embaralhado na memória.
Luz, gritos e barulho, luz, mais luz, zunido.
Pessoas caindo, eu acho que também cai.
Não sei quantos de fato morreram.
Quantos sairam feridos.

Não sei também se a mulher que lembrava minha mãe,encontrará seu filho,
Ou marido outra vez.
Nem se o rapaz fará a atividade para qual estava estudando,
Ou se sentirá novamente o abraço dos que o amam.
Muito menos se a mocinha teve tempo de fazer as pazes com o namorado,
Ou se poderá chorar no colo de sua mãe.

Sei apenas que, naquela aparente tarde normal, abafada, que eu estava atrasado, num ônibus lotado. Não foi apenas mais um final de tarde.
Sei também, que não haverá abraços apertados em meus pais, Beijos para selar as pazes com minha namorada, Nem nota dez na prova que estava estudando.Não mais, não depois daquela tarde.

Não para mim.

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